terça-feira, 29 de março de 2011

RESUMO DO RCNEI - VOLUME 2 - FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

RESUMO DO RCNEI REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Saber o que é estável e o que é circunstancial em sua pessoa, conhecer suas
características e potencialidades e reconhecer seus limites é central para o desenvolvimento
da identidade e para a conquista da autonomia. A capacidade das crianças de terem confiança
em si próprias e o fato de sentirem-se aceitas, ouvidas, cuidadas e amadas oferecem
segurança para a formação pessoal e social. A possibilidade de desde muito cedo efetuarem
escolhas e assumirem pequenas responsabilidades favorece o desenvolvimento da autoestima,
essencial para que as crianças se sintam confiantes e felizes.
O desenvolvimento da identidade e da autonomia estão intimamente relacionados
com os processos de socialização. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos
que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos, contribuindo
para que o reconhecimento do outro e a constatação das diferenças entre as pessoas sejam
valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias.
A construção da identidade e da autonomia diz respeito ao conhecimento,
desenvolvimento e uso dos recursos pessoais para fazer frente às diferentes situações da
vida.
A identidade é um conceito do qual faz parte a idéia de distinção, de uma marca de
diferença entre as pessoas, a começar pelo nome, seguido de todas as características físicas,
de modos de agir e de pensar e da história pessoal. Sua construção é gradativa e se dá por
meio de interações sociais estabelecidas pela criança, nas quais ela, alternadamente, imita
e se funde com o outro para diferenciar-se dele em seguida, muitas vezes utilizando-se da
oposição.
A fonte original da identidade está naquele círculo de pessoas com quem a criança
interage no início da vida. Em geral a família é a primeira matriz de socialização. Ali, cada
um possui traços que o distingue dos demais elementos, ligados à posição que ocupa (filho
mais velho, caçula etc.), ao papel que desempenha, às suas características físicas, ao seu
temperamento, às relações específicas com pai, mãe e outros membros etc
As crianças vão, gradualmente, percebendo-se e percebendo os outros como
diferentes, permitindo que possam acionar seus próprios recursos, o que representa uma
condição essencial para o desenvolvimento da autonomia.
A autonomia, definida como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si
próprio, levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva
do outro, é, nessa faixa etária, mais do que um objetivo a ser alcançado com as crianças, um
princípio das ações educativas. Conceber uma educação em direção à autonomia significa
considerar as crianças como seres com vontade própria, capazes e competentes para construir
conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que vivem.
Entre o bebê e as pessoas que cuidam, interagem e brincam com ele se estabelece
uma forte relação afetiva (a qual envolve sentimentos complexos e contraditórios como
amor, carinho, encantamento, frustração, raiva, culpa etc.). Essas pessoas não apenas cuidam
da criança, mas também medeiam seus contatos com o mundo, atuando com ela, organizando
e interpretando para ela esse mundo. É nessas interações, em que ela é significada/
interpretada como menino/menina, como chorão ou tranqüilo, como inteligente ou não,
que se constroem suas características. As pessoas com quem construíram vínculos afetivos
estáveis são seus mediadores principais, sinalizando e criando condições para que as crianças
adotem condutas, valores, atitudes e hábitos necessários à inserção naquele grupo ou cultura
específica.

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